No final desse mês de janeiro de 2013, concluindo dois anos de atividades no Projeto Ar, Água e Terra: Vida e Cultura Guarani, manifestamos nossa gratidão às aldeias guarani, aos diversos colaboradores, técnicos e parceiros e ao Programa Petrobras Ambiental.
Estamos felizes porque superamos nossas metas e alcançamos importantes resultados, mas também estamos cientes que muito ainda deve ser feito na construção da sustentabilidade socio ou etnoambiental com as aldeias.
As visões e saberes guarani relacionados à natureza, o trabalho dos técnicos e especialmente o belo e singular trabalho dos “cuidadores ou plantadores” guarani, levaram ao intercâmbio de sementes, mudas e conhecimentos entre as aldeias e ao cultivo, manejo e plantio de mais de 40 mil mudas de 90 espécies da flora nativa nas oito aldeias indígenas participantes do projeto, espécies essas importantes para a alimentação, para a saúde, para a espiritualidade e para a arte guarani.
Embora não seja possível perceber a busca de desenvolvimento (como geralmente é entendido e aplicado pela sociedade) na cultura ou sociocosmologia guarani, o etno“desenvolvimento” pode contribuir significativamente para a construção da sustentabilidade socioambiental, para o fortalecimento da autonomia indígena e para a proteção da natureza.
A partir do entendimento guarani acerca do ambiente, definimos sete classes de “gestão” das áreas nas aldeias e elaboramos mapas de “uso” da terra com cada aldeia participante (Tekoá Anhetenguá, Yriapu, Nhundy, Pindo miri, Nhuu porã, Ka’agut pau, Itapoty e Pindoty), que refletem a grande capacidade indígena de viver e trabalhar para a recuperação, reconversão e conservação do ambiente natural. A área de reconversão produtiva (kokue-roçados/agrofloresta) alcançou 16 hectares, a recuperação de áreas degradadas (yvira'iky ty) atingiu 41 hectares e a conservação de florestas (ka’aguy) atingiu mais de três mil hectares.
Mais de 20 oficinas foram realizadas, unindo conhecimentos tradicionais e técnicos sobre agrofloresta, “educação” ambiental, etnobotânica, etnoecologia e etno-ecoturismo. Muitos saberes e práticas tradicionais de uso e manejo da biodiversidade foram aliadas a atividades como viveirismo, compostagem e reciclagem, reconstruindo “métodos” de forma contínua e participativa ao longo do projeto.
Diversos encontros foram realizados entre as aldeias, criando espaços de diálogo para os jovens, lideranças, caciques e karaí (pajés) guarani manifestarem suas percepções, entendimentos, planos e avaliações das atividades desenvolvidas.
Inventariamos todas as Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) geradas por nossas ações nos 24 meses de projeto e enquanto emitimos 26 tCO2e, captamos e reduzimos mais de 37.700 tCO2e, compensando e superando as emissões, e certificando o projeto com o certificado “emissão zero”, ou “carbono zero”.
Na execução do plano de comunicação do projeto captamos mídias espontâneas, desenvolvemos campanhas na TV, participamos e organizamos eventos e produzimos diversos materiais como cartões (Dia da àrvore, Dia do Índio, Dia do Meio Ambiente), banners, portifólios, folders, DVD, facebook (www.iecam.org.br/facebook) e site (www.iecam.org.br/projeto), que além de divulgar as atividades do projeto, garantiram a participação e o pr otagonismo indígena, possibilitando o conhecimento da sociedade sobre a cultura guarani e a valorização dos saberes tradicionais e da biodiversidade.
A cultura guarani se mantém viva porque jamais morreu na alma e no modo de ser e viver guarani, onde a natureza sempre teve e sempre terá lugar espiritual, essencial e vital. Revitalizar o conhecimento tradicional, recuperar e conservar o ambiente natural, e construir a sustentabilidade socioambiental é fundamental para garantir a preservação e a evolução da nossa e das demais espécies, nesse belo e ameaçado planeta.
Abaixo o mapa geral de localização e uso da terra, e selo de emissão carbono zero:
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